as velhas novembram
de outubro a dezembro
em fainas novenas
varejam os ramos com
membros canhestros
erguem-se às hastes à
cata do fruto à flor da
ramagem sacodem-na
pra panos cerzidos
desde dezembro anterior
nos janeiros da apanha
colocam-nos ao chão
no plinto das árvores
os panos ao ombro as
talhas de azeite medas
de feno ou serapilheira
as velhas janeiram quais
espantalhos siderados
em pássaros moveres.
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▪ Miguel Alexandre Marquez
(Lisboa, n. 1979)
in “Coda”, Editora Língua Morta, Lisboa, 2016