Terça-feira. As nuvens apressam-se.
A minha mãe teria agora cem anos.
O meu pai um pouco mais velho.
Os avós o dobro das idades.
Esses não os conheci. Os muros da terra
já os devem ter engolido.
O tempo sussurra os seus nomes debaixo das árvores.
Serenamente ouço o rumor das aves
à entrada do paraíso.
Somos apanhados em todos os lugares.
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▪ Maria Azenha
(Coimbra, n. 1945)
Inédito publicado com autorização prévia da autora
VERSIONE ITALIANO
░ Le nuvole si affrettano
Martedì. Le nuvole si affrettano.
Mia madre avrebbe ora cent’anni.
Mio padre un po’ più vecchio.
I nonni il doppio dell’età.
Non li ho conosciuti. I muri della terra
li avranno già ingoiati.
Il tempo sussurra i loro nomi sotto gli alberi.
Serenamente sento il mormorio degli uccelli
all’ingresso del paradiso.
Siamo presi in tutti i luoghi.
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▪ Maria Azenha
(Coimbra, n. 1945)
Inédito publicado com autorização prévia da autora
Mudado para italiano por – Daniela Di Pasquale, tem licenciatura em Letras e doutoramento em Estudos Comparatistas. Foi bolseira de pós-doutoramento durante 7 anos no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa. Traduz poesia e ficção de português para italiano e o seu primeiro livro de poemas foi publicado em 2014 (Mater Babelica, Lietocolle). Actualmente trabalha na área da educação.