Não sou paciente eu só finjo
que tenho paciência.
Aprendi a abrandar marés contando lentas
inspirações expirações alternadas completas,
aprendi a dormir com a chuva a lavar os telhados.
Mas em dias
como o de hoje era capaz,
de te arrancar os olhos e fazer com eles dois anéis
para usar como punhais
entalados no cinto da saia.
_
▪ Soledade Santos
(Sabugal, n. 1957)
in “Agio”, Revista de literatura – nº. 1, Editora Artefacto, Lisboa, 2011