Que haja uma ponte
de pedra. Que a corrente
a abrace carinhosa
pela cintura, e depois se retire
sem dizer nada
e eu fique. Pelas suas areias
circulem carruagens.
Cheguem
com fardos volumosos
e saiam com
os
sacos entre as grades,
de passo bem ligeiro.
E que me trema a mão
ao escrever cartas.
Que o caminho
entre na penumbra
e o arvoredo o oculte de imediato
e a névoa caia
naquele ponto do bosque.
Que a janela de onde vejo isto
dê para fora, não para dentro.
_
▪ José Ángel Cilleruelo
(Barcelona, n. 1960)
in “La mirada”, Antología esencial 1982-2017, Fondo de Cultura Económica (FCE), Madrid, 2017
*
Mudado para português por — Maria Soledade Santos — Poeta, tradutora e professora.
Nasceu em 1957, no Sabugal. Publicou “Quatro Poetas da Net” (Edições Sete Sílabas, 2002) e “Sob os teus pés a terra” (Artefacto vertente editorial da Cossoul, 2011); participou em “Divina Música”, Antologia de Poesia sobre Música, Viseu, 2010.
Mantém os blogues de poesia e tradução: http://metade-do-mundo.tumblr.com/ e https://mdcia.wordpress.com/
VERSÃO ORIGINAL / VERSIÓN ORIGINAL
░ HÖLDERLIN
Que haya un puente
de piedra. Que la corriente
lo abrace por la cintura,
cariñosa, y después sin decir nada
se vaya y yo
me quede. Y por su arena
transiten carruajes.
Que entren
con fardos voluminosos.
Que salgan
con los sacos en el adral
y el paso muy ligero.
Y me tiemble la mano
con la que escribo cartas.
Que el sendero
se adentre por la umbría,
y la arboleda
lo oculte de inmediato
y parezca tiniebla
en lugar de aquel bosque.
Que la ventana donde lo contemplo
dé a un afuera y no dé a un adentro.
_
▪ José Ángel Cilleruelo
(Barcelona, n. 1960)
in “La mirada”, Antología esencial 1982-2017, Fondo de Cultura Económica (FCE), Madrid, 2017
Deverá estar ligado para publicar um comentário.