Bebendo vinho com alguns contemporâneos

Os malefícios da multidão.
As sequóias sequiosas na sequência das secas.
As consequências de um choro na configuração do rosto.
A erva destrói o exterior da moradia.
O tédio é fraca compensação dos compromissos.

Que dizeis a este fim de caminho, onde o escritor recupera
a verdadeira solenidade da Afirmação?
Não conheço outro modo de escrever, isto é,
de substituir ao arrojo invertebrado da juventude
a coragem de uma lúcida conveniência. Assim,
renuncio ao pessimismo em proveito de outros sentimentos
mais fecundos – o nojo, o orgulho, o desejo nunca satisfeito.

Se acaso me ouvis
– não terei eu razão?

 

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▪ Nuno Júdice
( Portugal 🇵🇹 )
in “Obra Poética (1972-1985), Quetzal Editores, Lisboa, 1999