Noite violácea e chuvosa.
Chove – as gotas, grossas e pesadas – sem cessar.
Os vidros do quarto estão todos embaciados.
O exílio interior é o nosso refúgio.
Fugimos com medos, passamos a percorrer labirintos.
Cá dentro, o frio em mil pedaços.
Chove.
Chove.
A criança que abusaste, num esconderijo,
nunca a tiveste, Padre.
Chove.
Chove.
Não conheço justiça que te liberte.
–
▪ Maria Azenha
( Portugal 🇵🇹 )
in “A Casa da Memória”