UMA NOITE

Ontem à noite o vento assobiava com tanta força que pensei
que fosse derrubar as pedras de papelão.
Em todo o tempo de escuridão as luzes elétricas
Queimavam como corações.
No terceiro sono acordei perto de um lago
Onde as águas de dois rios vieram morrer. Ao redor da mesa as mulheres liam.
E o monge permaneceu em silêncio nas sombras.
Lentamente atravessei a ponte e no fundo da água escura
vi grandes peixes pretos passando lentamente.
De repente, encontrei-me numa grande cidade quadrada.
Todas as janelas estavam fechadas, silêncio por toda a parte.
Em todos os lugares havia meditação
E o monge passou por mim novamente. Através dos buracos de sua camisa puída,
vi a beleza de seu corpo branco e pálido como uma estátua ao amor.
Quando acordei, a felicidade ainda dormia perto de mim.

 

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▪ Giorgio de Chirico
( Itália 🇮🇹 )