Nunca saberemos se os enganados
são os sentidos ou os sentimentos,
se viaja o comboio ou o nosso anseio,
se as cidades mudam de lugar
ou se todas as casas são a mesma.
Nunca saberemos se quem nos espera
é quem devia esperar-nos, nem quem
nos cabia a nós esperar no meio
da gare fria. Não sabemos nada.
Seguimos tacteando e sem saber
se isto que parece ser alegria
não será apenas o sinal claro
de que outra vez voltámos a enganar-nos.
(de Roto Madrid, 2008)
_
▪Amalia Bautista
(Espanha, n. 1962)
in “Poética y Poesía”, Fundación Juan March, Madrid, 2008
Mudado para português por _ Maria Soledade Santos _(Poeta e Tradutora). Nasceu em 1957, no Sabugal. Publicou “Quatro Poetas da Net” (Edições Sete Sílabas, 2002) e “Sob os teus pés a terra” (Artefacto, 2011). Mantém os blogues de poesia e tradução: http://metade-do-mundo.tumblr.com/ e https://mdcia.wordpress.com/
VERSÃO ORIGINAL/ VERSIÓN ORIGINAL
░ NADA SABEMOS
Nunca sabremos si los engañados
son los sentidos o los sentimientos,
si viaja el tren o viajan nuestras ganas,
si las ciudades cambian de lugar
o si todas las casas son la misma.
Nunca sabremos si quien nos espera
es quien debe esperarnos, ni tampoco
a quién tenemos que aguardar en medio
del frío de un andén. Nada sabemos.
Avanzamos a tientas y dudamos
si esto que se parece a la alegría
es sólo la señal definitiva
de que hemos vuelto a equivocarnos.
(de Roto Madrid, 2008)
_
▪Amalia Bautista
(España, n. 1962)
in “Poética y Poesía”, Fundación Juan March, Madrid, 2008