DEMORO-ME NAS HORAS MAIS TARDIAS

Demoro-me nas horas mais tardias.
É tempo que entretenho e o detenho
(Plo menos no meu espírito o tenho),
É tempo que ficou de outros dias.
E o tempo que me sobra é para nada…
É todo para o meu entardecer.
Gostava, enfim, de ver, enfim, de ter
Por toda a grande cada a pequenada!…
A vida… bem, tem dias… gosto dela…
Mas ela não é nada nem é grande.
Às vezes ela é tudo, às vezes nada.
Enfim… não há senão sem haver bela.
No escuro o tempo pára, mesmo que ande.
É um cortejo fúnebre e uma estrada.

 

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▪ Daniel Jonas
( Portugal 🇵🇹 )
in “Nó”, Assírio & Alvim, Lisboa, 2014