TRÊS POEMAS

IL PESCE ROSSO PIÙ VERDE DEL MONDO

 

Il pesce rosso più verde del mondo
tutta la notte ha nuotato al mio posto
ma appena mi sono svegliato
si è nascosto

La parte di me che non dorme
l’ha visto sguazzare nel cielo
prima di trapassarlo
infilandosi nelle sue nuvole
come un tarlo

Se mi conosci lo sai
che un giorno sceglierò di non svegliarmi
e che mi perderò dietro due palpebre
sottili come sbarre
pur di non far scappare il pesce rosso
più verde del mondo

 

O PEIXE VERMELHO MAIS VERDE DO MUNDO

 

O peixe vermelho mais verde do mundo
toda a noite nadou no meu lugar
mas assim que acordei
escondeu-se

A parte de mim que não dorme
viu-o chafurdar no céu
antes de o trespassar
enfiando-se nas suas núvens
como uma térmite

Se me conheces sabes
que um dia escolherei não acordar
e me perder por trás de duas pálpebras
finas como grades
para não deixar fugir o peixe vermelho
mais verde do mundo

 

 

TI HO DATO APPUNTAMENTO SENZA DIRTELO

 

Ti ho dato appuntamento senza dirtelo
e sono qui in anticipo da tanto
perché so che non verrai
ma non so quando

 

MARQUEI UM ENCONTRO CONTIGO SEM TE DIZER

 

Marquei um encontro contigo sem te dizer
e estou aqui adiantado há muito tempo
porque sei que não virás
mas não sei quando

 

 

STAMATTINA HO PEDINATO UNA FORMICA

 

Stamattina ho pedinato una formica
Prima girava senza meta
poi si è vista con un’amica
Bisbigliavano talmente basso
che ho dovuto avvicinarmi
di qualche passo
e pure in quelle condizioni
non ho capito se parlassero di yoga
o di rivoluzioni
Sta di fatto che a un certo punto
erano cento
Blateravano di sviluppare ali
e diventare api
E poi ordigni atomici
e trasformarsi in uomini
Una sosteneva che voleva
creare un Dio
nero e piccolissimo
capace di far funzionare le cose
anche fuori dal Paradiso
Quando si sono separate
ho ripreso a seguire la mia formica Ma forse era l’amica

 

ESTA MANHÃ SEGUI UMA FORMIGA

 

Esta manhã segui uma formiga
Antes vagueava sem meta
depois encontrou-se com uma amiga
sussurravam tão baixo
que tive de me aproximar
de alguns passos
e até naquelas condições
não entendi se falassem de yoga
ou de revoluções
O facto é que a certa altura
eram cem
Tagarelavam de desenvolverem asas
e de se tornarem abelhas
E depois engenhos atômicos
e de se transformarem em homens
Uma alegava que queria
criar um Deus
preto e pequeníssimo
capaz de fazer funcionar as coisas
até fora do Paraíso
Quando se separaram
voltei a seguir a minha formiga
Mas talvez fosse a amiga

_
▪ Simone Consorti
( Itália 🇮🇹 )

*

Mudado para português por _ Daniela Di Pasquale 🇮🇹 _ tem licenciatura em Letras e doutoramento em Estudos Comparatistas. Foi bolseira de pós-doutoramento durante 7 anos no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa. Traduz poesia e ficção de português para italiano e o seu primeiro livro de poemas foi publicado em 2014 (Mater Babelica, Lietocolle). Actualmente trabalha na área da educação.