Flutua
Pela rua apinhada de gente,
A sua tonelagem
Imprecisa como o vento.
Desliza
Pela tristeza
Dos bairros de lata
Para os campos da periferia.
Lentamente,
Ora junto a um boi,
Ora junto a um moinho de vento,
Vai-se deslocando.
Passando
De noite como um sonho
Da morte,
Não se consegue ouvir;
Desloca-se clandestinamente
Sob as estrelas.
Tripulação
E passageiros de olhos fixos;
Mais brancos do que os ossos
Os seus olhos
Não
Se viram ou fecham.
_
▪ Mark Strand
(Norte-americano nascido no Canadá, 1934-2014)
in “Reasons for Moving”, Atheneum, New York , 1968
Mudado para português por _ Francisco José Craveiro de Carvalho_ (Poeta, Tradutor e Matemático)
ORIGINAL VERSION / VERSÃO ORIGINAL
░ The Ghost Ship
Through the crowded street
It floats
Its vague
Tonnage like wind.
It glides
Through the sadness
Of slums
To the outlying fields.
Slowly,
Now by an ox,
Now by a windmill,
It moves.
Passing
At night like a dream
Of death,
it cannot be heard;
under the stars
It steals.
Its crew
And passengers stare;
Whiter than bone,
Their eyes
Do not
Turn or close.
_
▪ Mark Strand
(North American born in Canada, 1934-2014)
From “Reasons for Moving”, Atheneum, New York , 1968