VISITA PRISIONAL

Amantes, vencidos, vilões,
a cidade está na rua
esta noite para admirar
um pôr de sol perfeito
hesitar sobre a prisão.
__________*

Quem prendemos nós?
Os cidadãos que nos desapontam?
Aqueles que nós decepcionamos?
__________*

O amor é poderoso
mas a vida é dura.
Na lama
por trás do muro da prisão —
algemas de brincar.

 

_
▪ Pat Boran
( Irlanda 🇮🇪 )
in “O Sussurro da Corda”, Edições Eufeme, Porto, 2018

*

Mudado para português por _ Francisco José Craveiro de Carvalho Poeta 🇵🇹  Poeta, Tradutor e Matemático



PRISON VISIT

 

Lovers, losers, villains,
the town is out
tonight to watch
a perfect sunset
hesitate over the prison.
__________*

Who do we gaol?
The citizens who fail us?
The citizens we fail?
__________*

Love is powerful
but life is tough.
In the mud
behind the prison wall —
toy handcuffs.

 
_
▪ Pat Boran
( Ireland 🇮🇪 )

 

░ Hora de deitar em casa do cientista

 

para Peter

Conta-nos outra vez como é que não há
linhas rectas no universo, embora os anéis de Saturno
se estendam com a espessura de uma moeda por 500.000 milhas.
Conta-nos isso de novo.
Gostamos sempre.

Diz-nos os nomes das luas de Júpiter,
as valências dos átomos de 1 a 103.
Explica-nos o movimento aleatório constante,
os quasares à beira de se tornarem invisíveis.

Mostra-nos, oh por favor, aquela figura
de um mundo espácio-temporal como uma bola medicinal
deixada cair numa rede. Só mais uma vez,
baixinho, como música,
depois dormimos.

 

_
▪ Pat Boran
(Irlanda, n. 1963)
in “O Sussurro da Corda”, Edições Eufeme, Porto, 2018

*

Mudado para português por _ Francisco José Craveiro de Carvalho _ (Poeta, Tradutor e Matemático)



ORIGINAL VERSION / VERSÃO ORIGINAL

 

░  Bedtime at the scientist’s house

 

Tell us again how the universe contains
no straight lines, though Saturn’s rings
stay coin-thin to 500,000 miles.
Tell us that one again.
We always enjoy it.

Tell us the names of Jupiter’s moons,
the valencies of atoms 1 to 103.
Illustrate constant random motion,
quasars on the brink of invisibility.

And show us, oh please, that picture
of a sapce-time world like a medicine ball
dropped in a net. Just once more,
softly, like music,
then we will sleep.

_
▪ Pat Boran
(Ireland, b. 1963)