ONDE QUER QUE VAMOS

Onde quer que vamos, chegamos sempre demasiado tarde
àquilo que uma vez saímos para procurar.
E em qualquer cidade aonde cheguemos
estão lá as casas às quais é tarde para voltar
os jardins onde é demasiado tarde para passar uma noite de luar
e as mulheres às quais é demasiado tarde para amar
e que nos torturam com a sua presença intangível.

E quaisquer que sejam as ruas que pensamos conhecer
elas nos levam além dos jardins de flores que procuramos
e que espalham as suas pesadas fragrâncias pela vizinhança.
E sejam quais forem as casas para onde voltemos
chegamos tarde demais de noite para sermos reconhecidos.
E quaisquer que sejam os rios em que nos refletimos
não nos conseguimos ver até que lhes viremos as costas.

 

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▪ Henrik Nordbrandt
( Dinamarca 🇩🇰 )
Mudado para português por Jorge de Sousa Braga