ÚLTIMO SOL NO ROCHEDO

Último sol no rochedo.
Último horizonte vigilante
de marés e tufões.

Lembrei-me de repente daquele deus marinho
…………………………………………………………de Camões
sem nenhuma nereida que lhe aqueça
a pele petrificada do desejo,
o corpo de ostras e camarões
– a cabeça coberta
com a casca
de um caranguejo.

Só a casca?
E o resto? Quem o comeu?
– gula de águia.

Talvez aquela nuvem além no céu
com bico de vapor de água.

 

_

▪ José Gomes Ferreira
( Portugal 🇵🇹 )
in “ Poesia VI”