Coloco sobre a mão a luz para que o rosto me deslumbre nesse jogo de sombras.
É um meridiano amargo o sangue que une agora os nossos corpos – as aves
afadigam-se sobre os ninhos, neste inverno.
A minha mão vazia segura uma escada para o teu corpo,
um tapete de lume ferido pela obscuridade –
enquanto que da alma tudo ignoramos.
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▪ Jorge Velhote
(Porto, n. 1954)
In “Máquina de Relâmpagos”, Edições Afrontamento, 2005