“Minha infância era então um leque”
Do livro “O Coração dos relógios”- Poema de Maria Azenha na Voz de Eugénia Bettencourt
“Minha infância era então um leque”
Do livro “O Coração dos relógios”- Poema de Maria Azenha na Voz de Eugénia Bettencourt
Óleo s/tela
Maria Azenha
Ana Soares nasceu a 29 de outubro de 1900. Casou em 1924, tendo enviuvado em 1930.
Durante quinze anos escreve a sua pequena obra literária, vindo a falecer em 1945.
Uma tia entrega todos os escritos “cartas e poemas” a uma amiga de Ana Soares. Esta fica com a incumbência de os publicar, o que não veio a acontecer.
Por razões que só o Destino conhece, vieram ter às mãos de Maria Azenha todos os seus poemas e cartas com a nota de serem publicados.
POEMA XVIII
Nenhum poema é verdadeiro,
Nenhum poema é falso,
Finge ser só companheiro.
O Poeta é um percalço.
Ana Soares
POEMA XIX
É a vitória dum rei
Que me segreda ao ouvido
Um eco do que sonhei,
Um porto que achei perdido.
Que música ele me vem dar?
Que harpa me pôs nos dedos?
Sou uma estrangeira a tocar
No leque dos seus segredos.
Ana Soares
Até o inverno desaparecer
na memória mais silenciosa
milhares de mortos dançam no segredo
da erva.
Crescem em enfermarias virgens de neve
em busca de um lugar
no mundo.
Cobertos de cinza e fumo
correm sobre um rio vertical
de chumbo.
_
▪ Maria Azenha
( Portugal 🇵🇹 )
in “ A Casa da Memória”
Uma rosa nasceu de um ninho de espinhos.
Enquanto ela chora de pétalas fechadas,
atravessa a luz mais alva das margens.
Ela é a aurora do espelho das águas:
Dá o corpo lunar aos mortos do mar.
E sem a colher, de asas imensas,
a Noite desabrocha num espelho em flor.
_
▪ Maria Azenha
( Portugal 🇵🇹 )
in “A casa da Memória”
“Fog”
Óleo s/ tela, Maria Azenha
“Em busca das estrelas” programa de rádio realizado por Maria Azenha
Poesia de Fernando Pessoa / Bernardo Soares / Alberto Caeiro / Ricardo Reis /Álvaro de Campos
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