Não me mostres nenhum norte

Não me mostres nenhum norte
nem estradas para lá:
são tudo embustes.

Mostra-me antes pedras, folhas mortas
de Outono atapetando o chão das matas,
voos de libelinha rasando o sol poente,
cândidas risadas infantis.

Quero eu dizer: mostra-me coisas
daquelas que se corrompem sem pressa.

 

 

▪ A. M. Pires Cabral
( Portugal 🇵🇹 )
in “Cobra-D’ Água”, Edições Cotovia, Ldª., Lisboa, 2011