P. I. M.
( POEMAS DE INTERVENÇÃO E MANICÓMIO ) | Maria Azenha
Ao ler este novo livro de poesia de Maria Azenha, em que a autora identifica, o mundo actual como um manicómio, apresentando-se ela própria como possessa de loucura, numa linguagem essencialmente surrealista, que domina com invenção e beleza, lembrei-me daquela opinião crítica que o modernismo, ou melhor, o futurismo do Orpheu motivara, apadrinhada, até, pelo eminente académico Júlio Dantas: Literatura de Manicómio. Vivemos, hoje, quase um século depois destes vanguardismos. Após o Concretismo dos anos 60, dificilmente vejo no horizonte poético português mais ousadias. Maria Azenha não foi além da Escola de Bréton e de Césariny, na forma (muito agradavelmente clássica, por vezes), mas traz-nos a novidade do seu retrato poético, com traços panfletários mas autênticos, fascinante de pensamento, rico de sortilégios, onde, até, o simbolismo de Camilo Pessanha espreita e encanta.
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Recenseador: António Couto Viana, 1999
in ” Leitura Gulbenkian”
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