O monge espalhava nos claustros sementes à espera dos pardais.
Disse-me que, até a rezar muito antes de nascer o sol, metia no peito o gozo das magnólias à vista dos pássaros que aparecem às primeiras luzes. E que até o chão parecia ter bocados de música. E era por isso que gostava do silêncio. Encontrava lá a fieira das palavras.
Também, se dava conta do vento fino entre as outras plantas, dizia:
fala baixo; as palavras querem-se pequenas, música de passarinhos.
–
▪ Daniel Faria
( Portugal 🇵🇹 )
in “Quasi Edições, 2003”