Com o mar de um lado e do outro o campo, como não pensar o símbolo e o ritual? O título da autobiografia de Woody Allen, “A Propósito de Nada”, serve de cenário ao filósofo Byung-Chul Han. Pensamento fundamental num mundo em dispersão. Alerta para as perigosíssimas consequências do esquecimento do símbolo:
“Enquanto forma de reconhecimento, a percepção simbólica percebe o duradouro. Desse modo o mundo é libertado da sua contingência e ganha algo que permanece. Ao mundo, hoje, falta muito o simbólico. Dados e informações carecem de força simbólica.
Logo não permitem nenhum reconhecimento. No vazio simbólico, as imagens e as metáforas geradoras de sentido e fundadoras de comunidade que dão estabilidade à vida perdem-se.
A experiência da duração diminui. E a contingência aumenta radicalmente. ”
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▪ Byung-Chul Han
( Coreia do Sul 🇰🇷)
in “Do Desaparecimento dos Rituais”, ed. Relógio D’Água
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“Se uma flor tivesse em si mesma a sua plenitude ôntica, não teria necessidade de que a contemplassem. O que significa que a flor tem uma carência, uma carência ôntica. O olhar amoroso, esse “conhecimento guiado pelo amor”, redime-a do estado de indigência, fazendo com que esse conhecimento venha a ser “análogo à redenção”. O conhecimento é redenção. O conhecimento entabula uma relação amorosa com o seu objeto enquanto outro.”
Byung-Chul Han