A criança perguntou:
o que é isto?
São cerejas.
E isto?
São rosas.
Mas ninguém lhe falou do mistério que encerram.
O menino cansou-se de chamar as coisas pelos nomes,
de saber que uma cereja era uma cereja,
uma rosa uma rosa,
uma cigarra uma cigarra.
Não lhe bastava saber o nome das coisas.
Sondava-lhes o mistério, Apontava-lhes a alma,
trilhava o caminho de regresso à fonte.
Horas reveladoras,
Onde em tudo adivinhava o sentido
antes de tudo ser apenas um nome.
Já homem, apontou o seu coração ao coração de uma cadeira velha,
e por saber olhá-la,
imortalizou-a.
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▪ Ana Zanatti
( Portugal 🇵🇹 )