Agora já não eram marido e mulher.
Encontravam-se, às vezes, na pastelaria
do costume, e falavam só de poesia
até que não houvesse nada para dizer.
Depois, ficavam em silêncio alguns minutos,
a contemplar o movimento e o som da rua,
ele também a contemplava, toda nua,
por dentro dos seus olhos castos muito abertos.
Mas, ela já se ergue alta da cadeira,
na elegância do seu corpo, musa magra,
cuja beleza, encanto e alma são de cabra
de montanha, com maquilhagem muito sábia.
Ele também se ergue e oferece o seu braço
e sente um peso que é leveza e lhe dá asas,
e, enquanto caminha, plana sobre as casas,
com a alegria da morte ao rubro, passo a passo.
__
▪ António Barahona
( Portugal 🇵🇹 )
Deverá estar ligado para publicar um comentário.