CENA FINAL

deixei a porta entreaberta
sou um animal que não se resigna a morrer

a eternidade é a escura dobradiça que cede
um pequeno ruido na noite da carne

sou a ilha que avança sustentada pela morte
ou uma cidade ferozmente cercada pela vida

ou talvez não sou nada
somente a insônia e a indiferença brilhante dos astros

deserto destino
inexorável o sol dos vivos se levanta
reconheço essa porta
não há outra

gelo primaveral
e um espinho de sangue
no olho da rosa.

 

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▪ Blanca Varela
( Peru 🇵🇪 )
Mudado para português do brasil por _ Tiago Fabris Rendelli