Mês de maio

Escrevo, escrevo, escrevo
e não conduzo a nada, a ninguém.
As palavras debandam ao me ver
como pombas, surdamente crepitam,
arraigam-se em seu torrão escuro,
se prevalecem com escrúpulo fino
do inegável escândalo:
sobre a imprecisa escrita sombra
mais me importa amar-te.

 

_
▪ Ida Vitale
( Uruguai 🇺🇾 )
in “Oidor andante” 1972, Arca Editorial, Uruguai

*

Mudado para português por _ Gustavo Petter _ Poeta, Tradutor, Professor / Araçatuba/SP, Brasil
Publica poemas e traduções na página agradaveldegradado.blogspot.com.br



VERSÃO ORIGINAL / VERSIÓN ORIGINAL

 

Mes de mayo

 

Escribo, escribo, escribo
y no conduzco a nada, a nadie.
Las palabras se espantan de mí
como palomas, sordamente crepitan,
arraigan en su terrón oscuro,
se prevalecen con escrúpulo fino
del innegable escándalo:
por sobre la imprecisa escrita sombra
me importa mas amarte.

 

_
▪ Ida Vitale
( Uruguai 🇺🇾 )
De “Oidor andante” 1972, Arca Editorial, Uruguay