Em vão
_____assumirei a fome alheia como minha
_____(há mãos obscenas a ocultar o trigo)
Em vão
_____verei os olhos de meninos maiores que os seus ventres
_____(há mãos obscenas a roubar o trigo)
Em vão
_____Temerei as exactas máquinas da guerra
_____(há obscuras mãos a sequestrar a paz)
Em vão
_____Suportarei mal o sangue empapando o chão
_____(há obscuras mãos a estrangular a paz)
Em vão!
______Em vão!
____________Em vão!
__________________Mas que não digam que fui indiferente
__________________Que não me desesperei
__________________Que não morri mil mortes
__________________Que não paguei o tributo de ter sido
______________________________________homem.
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▪ Adalberto Alves
( Portugal 🇵🇹 )
in “Oriente de mim”, Editorial Teorema, Lisboa, 1993