essa insónia era gentil, diferente da outra, a da noite não madrugada ainda,
geralmente depois de um pesadelo. dessa insónia maior que a própria insónia
não havia desejo nenhum: só um medo de fazer recolher mãos, dedos, pulsos,
olhos fechados. suficiente de imaginar dentro dos olhos um sítio alto, e o
medo reproduzido: cair na cama tão pungente como um precipício.
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▪ Ana Luísa Amaral
( Portugal 🇵🇹 )
in “Inversos” Poesia 1990-2010, Dom Quixote, Lisboa, 2010