VIAGEM

A demolidora clarividência das minhas palavras é um punhal abrindo
a página até ao coração. O poema é múltiplo e atinge violentamente o nosso
rosto.
Certa palavra, inventada por Bleuler, é tão potente que torna estranho
quem a possui. Se considerarmos lógico possuir uma palavra, o poeta
tem um percurso a realizar. Embarca para uma viagem de que volta perigosamente
lúcido. Morte e renascimento fizeram dele um outro, capaz de
penetrar a textura do mundo.

 

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▪ Isabel de Sá
( Portugal 🇵🇹 )
in “Repetir o poema”, Edições Quasi, Vila nova de Famalicão, 2005