NUNCA SOUBE DIFERENCIAR O POEMA

NUNCA SOUBE DIFERENCIAR O POEMA do mundo
nem do meu corpo
mal distingo um cais ou o peso de um entardecer
da pele avultada que arredonda as unhas
mas posso, por exemplo, colocar a palavra ilha
no limite do esterno aonde só chega o ar
e a partir daí, talvez pronunciar povo
muitas vezes, a partir daí
a partir daí: a vida

e o resto céu

 

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▪ Silvia_Penas
( España 🇪🇸 )
in “O resto é céu”, pág. 19, Editora Urutau (Galiza, Brasil, Portugal), 2021