AUSCHWITZ

Porque e ainda, ainda perdura no discurso de Duma
uma exacerbada violência
acusatória
de impropérios de dilaceração e
despedaçamento — em que o filho a mãe acusa
de ser a tempo inteiro, de ser
Mãe mais que mulher ou amante
amanhecida — aquém e além da luz do dia: a acusa de ser
seu natural direito separar de si o filho. — Somos
programados para nos dissolvermos na origem
em que, por fim, o pó chorará “de alívio”.
Que significado terão hoje os
recentes Anjos da Noite
na claridade e crueldade espantosas
de uma sem lua: ausência sem retorno,
numa dor sem sinal de emoção; de graça e empatia?

 

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▪ Eduarda Chiote
( Portugal 🇵🇹 )
in ‘NERVO / 13 – colectivo de poesia’, Editora Maria F. Roldão, janeiro-abril, 2022