Aos dez anos achava
que o mundo era dos adultos.
Podiam fazer amor, fumar, beber à vontade,
ir aonde quisessem.
Sobretudo, esmagar-nos com seu poder indomável.
Agora sei, por vasta experiência, o lugar comum:
em verdade, não há adultos,
só crianças envelhecidas.
Querem o que não têm:
o brinquedo do outro.
Sentem medo de tudo.
Sempre obedecem a alguém.
Não dispõem de sua existência.
Choram por qualquer coisa.
Mas não são valentes como eram aos dez anos:
fazem-no à noite e em silêncio e sozinhos.
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▪ José Emílio Pacheco
( México 🇲🇽 )
Mudado para português por Nelson Santander