A casa estava silenciosa e o mundo estava calmo
O leitor tornava-se no livro; e a noite de verão
Era como a essência consciente do livro.
A casa estava silenciosa e o mundo estava calmo.
As palavras eram pronunciadas como se não houvesse livro,
A não ser o leitor inclinado sobre a página,
A desejar inclinar-se, a desejar extremamente ser
O letrado para quem o seu livro é verdadeiro, para quem
A noite de verão é como uma perfeição de pensamento.
A casa estava silenciosa porque assim tinha de estar.
O silêncio fazia parte do sentido, parte do espírito:
Era a perfeição no seu acesso à página.
E o mundo estava calmo. A verdade num mundo calmo
No qual não há outro sentido, a própria verdade
Está calma, ela própria é verão e noite, ela própria
É o leitor em tardia vigília, inclinado, lendo.
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▪ Wallace Stevens
(U.S.A. 🇺🇲)
Mudado para português por David Mourão-Ferreira