A ambulância atravessa a cidade
com uma pedra na boca
uma pedra com uma guerra dentro
uma pedra que atravessa o deserto do corpo
uma pedra maior que a própria cidade
uma mulher com uma cadeira de pano
numa rua qualquer
de rosto tapado pelos cabelos grisalhos
ignora quem passa
aos pés uma bagagem de pedras
ou quem sabe de armas
– não me digam para lhes contar –
morreu no deserto
crescem-lhe pedras no crânio
_
▪ Maria Azenha
( Portugal 🇵🇹 )
in “Livro do absurdo”
🇮🇹
░ LA CITTÀ
L’ambulanza attraversa la città
con una pietra in bocca
una pietra con una guerra dentro
una pietra che attraversa il deserto del corpo
una pietra più grande della stessa città
una donna con una sedia di stoffa
in una via qualunque
il volto coperto dai capelli ingrigiti
ignora chi passa
ai piedi una valigia di pietre
o chissà di armi
– non ditemi di raccontarvelo –
è morta nel deserto
le crescono pietre sul cranio
_
▪ Maria Azenha
( Portugal 🇵🇹 )
in “Livro do absurdo”
*
Mudado para italiano por _ Daniela Di Pasquale _ 🇮🇹 tem licenciatura em Letras e doutoramento em Estudos Comparatistas. Foi bolseira de pós-doutoramento durante 7 anos no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa. Traduz poesia e ficção de português para italiano e o seu primeiro livro de poemas foi publicado em 2014 (Mater Babelica, Lietocolle). Actualmente trabalha na área da educação.