E o anjo disse então: vou revelar-te
o que pintam agora os mestres antigos. E
levou-me a outra sala e mostrou-me uma
paisagem: uma lagoa de águas verde-azuladas, com
vestígios de um naufrágio e uma multidão em cada
margem.
Quem são, perguntei; porque choram.
Os que nasceram no século da morte da
morte, respondeu; os que nunca mais poderão
atravessar para o outro lado.
_
▪ Abraham Gragera
(Espanha 🇪🇸 )
in “El tiempo menos solo”, Editorial Pre-Textos, Valencia, 2013
*
Mudado para português por — Maria Soledade Santos 🇵🇹 Poeta, Tradutora e Professora.
Nasceu em 1957, no Sabugal. Publicou “Quatro Poetas da Net” (Edições Sete Sílabas, 2002) e “Sob os teus pés a terra” (Artefacto vertente editorial da Cossoul, 2011); participou em “Divina Música”, Antologia de Poesia sobre Música, Viseu, 2010.
Mantém os blogues de poesia e tradução: Metade do Mundo e Mudanças & Cia
LAGUNA
Y el ángel dijo entonces: te enseñaré qué
pintan ahora los maestros antiguos. Y
me llevó a otra sala, y me mostró un
paisaje: una laguna de aguas verdiazules, con
huellas de un naufragio, y una multitud en cada
orilla.
Quiénes son, pregunté; por qué lloran.
Los que nacieron en el siglo de la muerte de
la muerte, respondió; los que ya nunca podrán
cruzar al otro lado.
_
▪ Abraham Gragera
(Espanha 🇪🇸 )
in “El tiempo menos solo”, Editorial Pre-Textos, Valencia, 2013