As barbas que recordo do passado
são as de Deus sentado
numa nuvem, em moldura dourada
e transversal.
Na moldura do lado, um coração
em lágrimas e espinhos.
E no canto mais curto e mais final,
a lição repetida.
Há um tempo de vida e
um tempo de morte, um
tempo de lavrar e um tempo
de colher.
Ah! que ao menos na nuvem,
no mesmo patamar:
a face da mulher!
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▪ Ana Luísa Amaral
( Portugal 🇵🇹 )
in “Inversos” [Poesia 1990-2010], Publicações D. Quixote, Lisboa, 2010